Este tema tem origem em um conceito de física antigo, mas, ainda gera dúvidas quando aplicado comercialmente no cálculo de transporte de cargas.

Afinal, porque a necessidade de se cobrar pelo “tamanho” da embalagem?

Em termos técnicos, o conceito de cubagem tem por base a densidade da carga, e não o seu tamanho, como pode ser interpretado em uma análise inicial.

O efeito da densidade pode ser comparado com o mecanismo de controle de profundidade de um submarino. Quando os tanques de lastro estão cheios de ar, o submarino se mantém na superfície, mas, ao inundar os tanques com água do mar, ele se torna mais “denso” e submerge. Ou seja, há uma variação no seu peso, apesar de não haver alteração em suas dimensões. O mesmo se dá com a carga transportada.

Os veículos de transporte de carga são projetados para transportar PESO e não volume. Com e exceção dos caminhões tanque e veículos para cargas volumosas em operações especiais.

Para ilustrar o caso, quando uma aeronave está sendo abastecida de combustível, a quantidade de querosene não é medida em litros, mas, em quilos, pois o fator peso irá afetar o comportamento da aeronave durante o vôo, desde seu centro de gravidade até sua autonomia.

No caso de carga fracionada é o peso transportado que define as condições de transporte da carga e não o seu volume.

Em termos operacionais, a cubagem evita que o espaço físico disponível do veículo seja totalmente ocupado antes de atingir sua capacidade nominal de carga, o que na prática se traduz em baixa produtividade e ociosidade de uma plataforma de carga, gerando prejuízo na operação.

Para ajustar a necessidade de produtividade entre peso e densidade, a ANTT, Associação Nacional de Transporte Terrestre, sugere uma formulação calculando o volume disponível do veículo e sua capacidade nominal de carga. Um veículo com capacidade para 15 t de peso e 50 m³ de capacidade volumétrica tem sua densidade de carga ideal igual a 300 kg/m³, ou seja, cada metro cúbico deve transportar um peso de 300 kg , assim, é empregado uma taxa de conversão para cargas de baixa densidade, considerando as dimensões do volume, multiplicado pelo fator de cubagem igual a 300.

Exemplificando:

Um volume com peso de 5 kg declarados e com as seguintes dimensões: 60 cm de altura, 23 cm de largura e 62 cm de comprimento têm como peso cubado 25,66 kg

0,60 x 0,23 x 0,62 x 300 = 25,66 kg

Caso a mercadoria não fosse cubada, a ociosidade seria de 20.66Kg (25.66 – 5 kg)

O fator de cubagem possui diferentes valores para outros modais, considerando que se tratam de equipamentos diferentes com capacidades de carga e volumes também diferentes:

Fator Rodoviário: 1m³ =300 kg

Fator Aéreo: 1m³ = 166,6667kg

Fator Marítimo: 1m³ = 1.000kg

Em se tratando da gestão do negócio, a cubagem é uma ferramenta fundamental para a saúde e rentabilidade de transporte de cargas, já que considera no cálculo do frete o volume ocupado no equipamento além do seu peso real, ajustando este volume ao peso proporcional, eliminando distorções.

Infelizmente muitas empresas ainda não perceberam a importância deste item em sua precificação, usando meios intuitivos ou empíricos para calcular o custo de suas operações, normalmente acarretando resultados insatisfatórios na sua rentabilidade e sobrevivência.

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